Por décadas, a grande Besta Negra dos intelectuais tem sido o sr. Roberto Marinho. Sejam intelectuais de esquerda ou de centro (de direita quase não há), ativistas ou acomodados, artistas ou acadêmicos, ninguém gosta desta figura sinistra. Uns consideram-no o Doutor Fausto, outros o próprio Mefistófeles. Atribuem-lhe ciladas traiçoeiras, ardis maquiavélicos, total falta de escrúpulos, ligações suspeitas, oportunismo despudorado, farsas dissimuladas, imenso poder tentacular, como um polvo; sobre ele chegam a correr lendas urbanas que o dão como falecido e secretamente substituído por um testa-de-ferro, sob o comando de poderes ocultos. Foi ele o diabólico criador da Rede Globo de Alienação, que controlaria a mente de milhões de brasileiros e os manteria dóceis e obedientes à elite dominante.
Por absoluta falta de dados e de interesse, não tenho nenhuma intenção de discutir o caráter do sr. Roberto Marinho, nem de afirmar se são verdadeiras ou falsas as acusações que lhe imputam. Mas pode-se discutir a real dimensão de seu poder, e o motivo do imenso sucesso comercial da Rede Globo. A versão aceita é de que tudo começou quando ele abraçou a causa da revolução de 64, fato que lhe renderia toda a sorte de facilidades da parte do novo regime. Bem, isso pode explicar como a TV Globo começou, mas não como ela chegou ao ponto onde chegou. E, teorias conspiratórias a parte, a explicação do sucesso da Globo, a meu ver, é bem simples. É a mesma razão de todo o empreendimento de sucesso: ela é orientada ao mercado. Em outras palavras, ela exibe ao telespectador aquilo que o telespectador quer ver.
Mas é isso o que o povo quer ver? Não, de modo algum, isto é o que ele é induzido a ver! Tudo efeito dos poderes hipnóticos do sr. Roberto Marinho, verdadeiro Goebbels renascido, no comando de uma sinistra organização de especialistas em desinformação a soldo do imperialismo norte-americano. Já ouvi uma universitária, certa vez, a afirmar com toda a solenidade que a Globo estaria empregando o método Paulo Freire ao contrário, visando alienar a sociedade inteira. Os intelectuais repetidamente criticam a Globo por falsear nossa realidade social, mostrando novelas onde todos os personagens são ricos e cheirosos.
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